Evite trilhas além do seu limite: como escolher a aventura ideal para você
- Marco Santos
- 7 de jul.
- 4 min de leitura
Atualizado: há 7 dias

Você sabia que escolher a trilha errada pode transformar o sonho de uma aventura em um pesadelo?
Não estamos falando apenas de cansaço ou arrependimento — mas de dores físicas, frustrações emocionais, acidentes e até situações de risco real à vida. E o mais grave: isso acontece com mais frequência do que se imagina.
Muita gente escolhe roteiros apenas pela beleza das fotos ou pela empolgação do momento, sem avaliar se está realmente preparada — física e psicologicamente — para o desafio. Outras vezes, a decisão vem por influência de amigos, ou até por ego: o medo de “ficar para trás” faz com que muitos ignorem sinais óbvios de que aquele roteiro não é para agora.
Neste artigo, vamos abrir os bastidores do trekking:
mostrar os erros mais comuns de quem escolhe mal;
explicar por que o impacto não é só individual, mas afeta todo o grupo;
e apresentar uma maneira mais responsável de classificar os roteiros — baseada na experiência real do participante.
Você vai entender, de forma clara e prática, como escolher a trilha ideal para o seu perfil e por que isso é mais importante do que parece. Porque na montanha, o preparo salva. E a decisão certa começa antes da mochila estar pronta.
Toda trilha tem uma exigência — e é sua responsabilidade conhecê-la
A maioria das agências classifica seus roteiros como fáceis, moderados ou difíceis. Parece simples, mas não é, pois avaliar a dificuldade de uma trilha envolve considerar terreno, clima, peso que será carregado, distância diária, tipo de pernoite e até o impacto emocional de longas caminhadas em locais isolados.
Mesmo com toda essa complexidade, muita gente encara a decisão de forma impulsiva. E o resultado costuma ser pesado.
Muitos ainda, por imaturidade, colocam a culpa no guia ou na agência. Mas em 90% dos casos, a responsabilidade é da própria pessoa.
Os erros mais comuns — e como eles acontecem
Os principais motivos são:
Desprezo pela real dificuldade da aventura ("ah, é só andar, o que tem de mais?");
Ignorância (não leu nenhum material didático ou informativo sobre a trilha, não se informou);
Omissão de informações pessoais ou limitações físicas / psicológicas ao líder do grupo ou à agência, por vergonha ou vaidade;
Influência externa - quando alguém vai só porque amigos vão;
Impulso e ego, quando o desejo de "vencer" supera a escuta do corpo.
Exemplos não faltam:
Pessoa jovem, imprudente, que não lê o material e subestima a trilha;
Pessoa mais velha, querendo provar algo a si mesma ou ao grupo, e que tende a desobedecer orientações básicas.
Teve quem apareceu com mochila escolar em travessia pesada de 3 dias — e ficou com o ombro quase em carne viva por conta do atrito da alça e o corpo inteiro dolorido pelo constante desequilíbrio da mochila balançando.
Outros tantos foram com tênis de cidade ou botas "de rodeio", e passaram o dia inteiro com dores nos dedos, bolhas, hematomas na sola do pé.
Os perigos reais — que pouca gente considera
Quando alguém escolhe mal, o grupo inteiro sofre.
Os riscos mais comuns são:
Exaustão (queda de pressão, fraqueza, vômito);
Desidratação e hipoglicemia;
Crises emocionais (ansiedade, pânico, mal humor);
Quedas e escorregões por reflexo lento ou calçado inadequado;
Resgate difícil ou impossível, já que muitas trilhas são remotas;
Sim, há risco de morte — mesmo com guias experientes e bom planejamento.
E o impacto é coletivo. Numa agência, os demais participantes não pagaram para acompanhar ou ajudar alguém despreparado - e sim, para aproveitar a experiência de forma positiva, rica e plena. Ninguém se recusa a ajudar, mas quando o problema foi causado por ego, teimosia ou irresponsabilidade, a frustração do grupo é grande. Parece — e muitas vezes é — um ato de egoísmo puro e simples.
Como se precaver — e respeitar a coletividade
No Brasil, é raro encontrar roteiros com porteadores. E quando há, são contratados exclusivamente para esse fim. Eles normalmente não guiam e não prestam socorro, pois não estão preparados para tal.
Guia profissional também não carrega mochila de participante, exceto em caso de emergência - lembre-se: cansaço por despreparo não se classifica como emergência. A verdade é simples: quem leva algo na mochila, decidiu levar. E deve ser responsável por isso.
Se você for participar já contando com ajuda de colegas de trilha ou do guia, ou com a possibilidade de resgate — talvez seja melhor repensar sua ida.
Lembre-se: se, depois da reserva, você perceber que o roteiro não é pra você — cancele. Sim, pode haver prejuízo financeiro. Mas ele é menor do que o prejuízo físico ou emocional que virá se você insistir.
A classificação da Terra Trekking — mais completa, mais realista
Por tudo isso, nós da Terra Trekking desenvolvemos uma classificação mais ampla, que ajuda o participante a tomar uma decisão sensata e honesta.
Nossos roteiros são divididos em:
Leve
Leve superior
Moderado
Moderado superior
Difícil
Extenuante
E para cada passeio, classificamos em dois níveis de dificuldade, de acordo com dois tipos de pessoas:
Para pessoas com experiência e bom condicionamento físico
Para iniciantes ou pessoas com restrições físicas ou que não praticam atividades com frequência
Além disso, especificamos os obstáculos do caminho, desafios técnicos, trechos expostos, distâncias, alertas e contra-indicações. A decisão é sua, mas o conhecimento estará sempre acessível.
Não tenha pressa. A montanha continua lá.
A trilha certa não é a mais difícil. É a que respeita seu momento, seu corpo e sua mente.
Fazer uma escolha consciente não é desistir. É adiar com sabedoria para viver com intensidade — e com segurança.
A Terra Trekking acredita em aventuras verdadeiras. E isso começa com escolhas responsáveis.
Se quiser entender qual roteiro combina mais com você, acesse nossa página de roteiros. A Natureza continua lá. E a gente também.
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