Você já fez uma trilha classificada como Fácil, mas que no final do dia, chegou mais cansado do que imaginava?
Ou uma trilha Difícil, e chegou inteirão, querendo mais? Pois é sobre essas escalas de dificuldade - sua importância e variações - que nós queremos tratar no artigo.
Em termos de trilhas e demais atividades outdoor, uma das escalas mais difíceis de se avaliar e considerar é o Grau de Dificuldade. É algo subjetivo, podendo variar de pessoa para pessoa. Além disso, há uma infinidade de fatores prontos para fazer cair por terra qualquer variável imposta.
Normalmente, usa-se classificar as trilhas em termos de grau de dificuldade em: Fácil, Moderado, Mediano, Difícil, Extenuante... com pequenas variações de grupo para grupo, agência para agência. Apesar dos esforços de vários clubes excursionistas e federações de esportes em montanha espalhados pelo Brasil em estabelecer critérios inequívocos de classificação das trilhas, ainda não se chegou a um padrão consensual.
Cada linha de raciocínio privilegia ou destaca um aspecto do percurso, ou estado de ânimo do participante. Mas independente desse nível de subjetividade, e por conta dessa falta de um padrão, é importante que cada agência ou profissional que tenha por costume classificar os percursos, estabelecer e divulgar os seus critérios de classificação. Assim, o participante pode tomar sua decisão com mais clareza. E assim reduz bastante o risco de uma pessoa decidir-se quanto a uma trilha que não é adequada a ela – seja por inaptidão física, mental, emocional ou de expertise.
Nós da Terra Trekking, levamos em consideração os seguintes fatores em conjunto.
Em atividades de caminhada de até um dia – hiking ou bate-volta Distância a ser percorrida; Condições naturais e climáticas; Tempo de percurso; Características do Terreno; Variação altitudinal; Necessidade de equipamentos específicos para progressão.
Em atividades de caminhada com pelo menos um pernoite – trekking Além dos fatores também presentes em um hiking, ainda somamos: Características e Infraestrutura do local de Pernoite; Nível de Autonomia exigido ao Participante; Carga pessoal a ser transportada.
Se somarmos fator – o climático – todas as variáveis mudam, aumentando ainda mais a complexidade da aparente simples tarefa em classificar uma trilha. Um passeio, por exemplo, que é nível fácil em um tempo seco, pode se transformar em difícil, no caso de sua realização durante a chuva ou períodos chuvosos. Barro, trilhas escorregadias, trechos de água com maior volume, tudo fica um pouco mais difícil.
Por último, as características do participante. Consideramos Idade, Condicionamento físico, Experiência em atividades ao ar livre, Grau de Sedentarismo, Obesidade, Restrição físico-muscular e Saúde em geral. O Estado de Ânimo ainda influencia de sobremaneira na forma subjetiva deste participante considerar o nível de severidade da atividade ou passeio. Se ele estiver cansado, mal humorado ou não tiver tido uma noite justa de sono, a trilha pode, sim, adquirir um outro complemento de dificuldade à progressão do percurso. Pessoas com experiência em trilhas conseguem mas facilmente identificar, numa trilha em época chuvosa ou nublada, os potenciais riscos e mudar seu mindset para outras oportunidades que a trilha poderá apresentar.
Para não correr risco de classificar as trilhas de maneira equivocada ou engessada, seguimos uma classificação básica de severidade, e logo após fornecemos informações a respeito das principais características limitantes ou restritivas, para que o interessado possa tirar suas conclusões. E por fim, em caso de necessidade, consideramos classificar as trilhas para dois públicos distintos – um com experiência e/ou condicionamento físico mediano e outro sem experiência em atividades outdoor e/ou pouco condicionamento físico – seguidamente a uma explicação resumida a respeito da atividade específica.
Nivel 1 – Leve Normalmente passeios de um dia; percurso total inferior a 15km; presença de poucos obstáculos para transposição durante a caminhada; sem necessidade de uso da mãos e/ou técnicas verticais para progressão do percurso; pequena variação altitudinal; não se exige transposição em cursos d’água.
Apropriado para pessoas iniciantes, desde que não sejam completamente sedentários.
Nivel 2 – Leve-moderado Passeios de um dia; percurso total inferior a 20km; presença de poucos obstáculos para transposição durante a caminhada; pode ser necessário uso da mãos e/ou técnicas verticais para progressão do percurso; pequena variação altitudinal; pode ser necessária transposição em cursos d’água.
Apropriado para pessoas iniciantes, e com certa experiência. Necessário que a pessoa realize algum tipo de atividade física com certa regularidade.
Nivel 3 – Moderado Passeios de um ou mais dias; percurso total inferior a 30km; presença de poucos obstáculos para transposição durante a caminhada; pode ser necessário uso da mãos e/ou técnicas verticais para progressão do percurso; média variação altitudinal; pode ser necessária transposição em cursos d’água; necessidade de carregar algum peso às costa; necessidade de camping com alguma infraestrutura; Presença de curso d’água próximo ao pernoite (para abastecimento).
Recomendado para pessoas com experiência e iniciantes em trilhas, desde que realizem algum tipo de atividade física com regularidade.
Nivel 4 – Difícil Passeios de um ou mais dias; percurso total superior a 30km; presença de alguns obstáculos para transposição durante a caminhada; pode ser necessário uso da mãos e/ou técnicas verticais para progressão do percurso; grande variação altitudinal; pode ser necessária transposição em cursos d’água; necessidade de carregar peso às costa; necessidade de camping com alguma infraestrutura; Curso d’água distante do pernoite (para abastecimento).
Recomendado para pessoas com experiência em trilhas, e bom condicionamento físico.
Nivel 5 - Extenuante Passeios de um ou mais dias; percurso total superior a 35km; presença constante de obstáculos para transposição durante a caminhada; pode ser necessário uso da mãos e/ou técnicas verticais para progressão do percurso; intensa variação altitudinal; pode ser necessária transposição em cursos d’água; necessário de carregar grande peso às costa; camping com pouca ou nenhuma infraestrutura; Curso d’água distante do pernoite (para abastecimento).
Recomendado para pessoas com experiência em trilhas, e ótimo condicionamento físico e equilíbrio psicológico.
Como já ressaltamos, essa escala serve simplesmente de base para a nossa classificação final. Uma trilha pode ser considerada difícil pela presença de apenas um desses fatores acima mencionados, por exemplo.
Com relação a adequação do nível da trilha às condições gerais do participante
O participante deve ter em mente essa subjetividade e procurar por um tipo de aventura condizente com seu estado. Uma escolha incorreta pode causar prejuízo para si mesmo e para o grupo de caminhada.
Digamos que você não tenha nenhuma expertise em trilhas e baixo condicionamento físico. Em uma aventura no nível fácil, sua experiência seria condizente, e provavelmente você curtiria a aventura, ela seria prazerosa para você. Seria bem provável que você sairia da trilha pensando em realizar outras aventuras, aumentando gradativamente a expertise.
Se você, nas mesmas condições de expertise e físico, se arriscasse em uma aventura de nível Difícil, os resultados seriam bem diferentes: fadiga antes de terminar a trilha, não conseguindo vivenciar a experiência com plenitude. Mau humor e constrangimento junto ao grupo. Nessas condições, seria improvável você pensar em repetir a dose tão cedo, por conta da experiência traumática!
O contrário também pode ser frustrante. Se você, um trilheiro experiente, optar por uma trilha no Nível Leve – sem imaginar que o ritmo de caminhada será mais tranquilo, as paradas serão mais frequentes, e toda a dinâmica da atividade será voltada para um público menos experiente e com um condicionamento físico mais básico – esteja ciente de que ela é voltada para os iniciantes. Será cansativo acompanhar esse grupo, necessitando de um pouco de paciência e empatia. Para aventuras nos níveis mais restritivos – Difícil e Extenuante – nós da Terra Trekking temos o costume de conversar com os participantes em uma pequena “entrevista” de modo a termos a certeza de que a pessoa não caiu de paraquedas naquela aventura!
Aventura tem que ser Curtição, e não Missão!
Sempre que alguém fica na dúvida, nós estamos lá, pra fazer as perguntas certas, identificar o perfil da pessoa e conduzi-la à sua aventura ideal.
Porque é melhor uma pessoa que, na dúvida, nos chama pelas redes sociais, whatsapp ou site, e busca se inteirar. Essa pessoa vai ter uma experiência prazerosa, no decorrer da aventura.
O que foi dito acima não são regras inquestionáveis, mas nossa forma de tentar entender o cliente e a trilha, para fazer o casamento perfeito entre os dois. Se quiser ajudar a desenvolver esse tema, comente, ficaremos satisfeitos em responder!
Gostou do artigo? Utilize esses conhecimentos em um trekking de verdade!
Veja nossas opções para Você clicando em nossa Agenda de Aventuras.
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