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Foto do escritorMarco Santos

Travessia Lapinha x Tabuleiro - um clássico do trekking em Minas Gerais

Atualizado: 24 de abr.

Conheça um dos lugares mais surpreendentes do mundo, a incrível cachoeira cuja queda possui comprimento equivalente a um arranha-céu de 95 andares - a Cachoeira do Tabuleiro, a maior de Minas Gerais, com seus 273m de altura!


A TRAVESSIA LAPINHA X TABULEIRO é uma dessas experiências que envolvem completamente o aventureiro, que se vê transportado para um "mundo paralelo" - uma região isolada e mágica, repleta de belezas e mistérios, no arrebatador cenário da Cordilheira do Espinhaço!



ORIGEM DA TRAVESSIA

Lapinha x Tabuleiro se tornou, ao longo do tempo, quase que um "rito de passagem", em que o caminhante já acostumado com passeios bate-volta (também chamados “hiking”, ou passeios de apenas um dia de duração) se sente impelido a iniciar-se no "trekking" - nome dado às aventuras com necessidade de pernoite.


Nossa expedição irá refazer a trilha antes utilizada por tropeiros e famílias que tinham ligações entre dois povoados mineiros - Lapinha da Serra, em Santana do Riacho/MG e Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro -, que iam e vinham atalhando pela Serra do Intendente para comercializar, entregar mercadorias e rever os parentes - principalmente durante as festas e folias religiosas.


Até hoje podemos ver remanescentes desses destemidos homens e suas mulas pelos altos da serra - embora a atividade tropeira já tenha há muito entrado em declínio.


Essa travessia pode ser feita em 2 ou 3 dias com camping ou quartos em sítios de moradores da serra - o acampamento selvagem, ou seja, sem estrutura de um ponto de apoio, é proibido na região. A maior parte das pessoas faz em 2 dias, visitando apenas a parte alta da cachoeira do Tabuleiro, mas se você deseja conhecer também o poço da cachoeira, adicione esse terceiro dia.


O nosso roteiro da travessia, que é ideal para iniciantes com bom condicionamento físico e casais de aventureiros, grupos de amigos, possui aproximadamente 32km em 2 dias de caminhada - Dia 1: 17km e Dia 2: 15km - e um pernoite em algum dos sítios encravados no alto da Serra do Intendente.


O caminho varia entre Campos de Altitude no Cerrado, Matas Ciliares e Mata Atlântica, de onde brotam afluentes que mais tarde formarão as bacias do São Francisco e do Doce.



O INÍCIO DA JORNADA

Após uma viagem de aproximadamente 3 horas partindo-se da capital mineira de Belo Horizonte pela MG10 e estradas de terra entre Santana do Riacho e o arraial de Lapinha da Serra, a jornada tem início em frente à lagoa da represa Coronel Américo Teixeira, em Lapinha. Mas antes, dê uma pausa para apreciar o clima alternativo-chic do lugarejo - sua capelinha no meio da vila, a partir da qual todas as ruelas de chão batido se dispersam.

Aliás, Lapinha da Serra é o reduto dos aventureiros que buscam banhar-se em várias cachoeiras próximas, subir montanhas ou apenas curtir o clima diferenciado rústico da região - parece que você volta no tempo!


Durante as primeiras horas de nossa caminhada, teremos uma forte subida de cascalheira e degraus de pedra no sentido da Serra do Breu, volteando pelo lado direito - tendo sempre o vigilante Pico da Lapinha, vendo-nos distanciar cada vez mais de seus domínios. Uma ermida marca o fim dos aclives mais acentuados - dali adiante, os morros não irão acabar, mas vão dar uma boa trégua. O Sol é forte e inclemente, mas a visão fantástica da represa e das montanhas compensa todo o esforço. Ao final dessa série de subidas, um panorama surreal se descortina abruptamente ao caminhante, que fica boquiaberto com o horizonte amplo e de montanhas ao longe, além de vastas terras por onde trilharemos ao longo do dia!...

Algumas paradas são necessárias para descansar os ossos e abrigarmos do Sol. Uma dessas é no rio Parauninha, com prainhas de areia branca, a água correndo tranquilamente e algumas árvores propícias para um bom cochilo. Além do mais, é o ponto mais adequado para o nosso "almoço" - aquele lanche mais reforçado da metade da trilha. Depois de retomada a caminhada, chega-se ao primeiro “ponto de apoio”, da travessia, a casa da dona Ana Benta. Passamos direto, pois o nosso local de dormida será outro.


A trilha foi alterada recentemente, devido a erosões em alguns trechos. Por isso, a partir da Ana Benta, é necessário dar maior atenção às placas no meio do caminho, pois cada trilha leva o caminhante a um destino diferente. E não se descuide: sob determinadas condições climáticas, podem surgir densos nevoeiros - também chamados de "corrubianas" - em que não se enxerga nada a poucos metros à frente. Há numerosos relatos de pessoas que ficaram vários dias perdidas nesses altos de serra! Portanto, se não conhece muito bem a trilha, não confie em aplicativos; contrate um guia local ou vá com uma agência confiável.



UM SÍTIO NO MEIO DO NADA

Se tivermos iniciado bem cedo a caminhada, provavelmente no meio da tarde estaremos chegando ao nosso ponto de apoio, o sítio do Seu Chico Niquim. Um lugar muito agradável e super tranquilo, distante de tudo e de todos, onde o grupo testemunha a típica hospitalidade mineira, bem como da gostosa janta de fogão de lenha! A casinha simples e acolhedora evoca, para muitos, fortes lembranças da infância no interior mineiro!

Uma edícula próxima do sítio acomoda o grupo em camas confortáveis. Mas quem quiser dormir em barraca, fique à vontade para levar - a área de camping é plana, bem limpa e ótima para acordar com uma vista singular do nascer do Sol!

Pra grupo animado, o Seu Chico dá um jeito e providencia lenha: aí a prosa vai longe, com muita cantoria, histórias e boas risadas em volta da fogueira!...



O CLÍMAX DA AVENTURA

O segundo dia da travessia começa cedo. Logo após o generoso Café da Manhã no sítio, hora de prosseguirmos a trilha, e nosso destino de hoje é a foz da terceira queda d’água mais alta do Brasil, a Cachoeira do Tabuleiro!

Já nos domínios do Parque Municipal Natural do Tabuleiro, adentramos um cânion de visual surreal, repleto de orquídeas e bromélias gigantes - me lembra muito filmes do tipo Jurassic Park -, e seguimos serpenteando entre as águas do Ribeirão do Campo e piscinas naturais até chegarmos a um cenário difícil de descrever: a foz da imponente cachoeira, o clímax da aventura! Uma imensa janela que se abre para o vasto horizonte de montanhas, vales e matas ao longe - pra se ter uma idéia, com céu limpo, dá pra avistar o imponente Pico do Itambé, entre Serro e Diamantina! Ninguém fica indiferente nesse lugar único, que transborda energia e ótimas vibrações!...


E as fotos pipocam! As pessoas não sabem se contemplam ou registram o visual impressionante! No poço próximo à foz, poderemos tomar um revigorante banho antes de reiniciar a caminhada e finalizar a memorável aventura!


Após voltarmos da cachoeira, devemos encarar uma demorada subida de cascalhos brancos e degraus de pedras - um trecho bem cansativo, que testa a paciência do caminhante, cuja adrenalina já se dissipa após o clímax recente. O restante do trajeto é praticamente todo em descida, contornando o paredão lateral da cachoeira em zigue-zague.

Se você demandou um dia a mais para a travessia, poderá voltar para o sítio e no próximo dia de aventura, também conhecer a parte baixa da cachoeira, onde um enorme poço de cerca de 20m de profundidade e rodeado por grandes blocos de pedra, recolhe as águas da formidável queda.


Ao fim da travessia, na sede do Parque do Tabuleiro, pode-se descansar um pouco, antes de partir para casa. No distrito de Tabuleiro há alguns restaurantes caseiros. Para não correr risco, agende sua refeição com antecedência. Afinal, deste ponto até Belo Horizonte serão aproximadamente 4 horas de viagem.

Aliás, antes de realizar a travessia Lapinha x Tabuleiro, é obrigatório obter a autorização do Parque Natural do Tabuleiro, bem como contatar um dos sítios de apoio.

Se você vem de longe e deseja aproveitar ainda mais da aventura, convém dedicar mais um dia e hospedar-se no distrito de Tabuleiro, para visitar outras cachoeiras da região, como a Rabo de Cavalo, que é uma maravilha e possui um nível de dificuldade reduzido.

Além disso, há possibilidade de fazer uma parada na Serra do Cipó - outro lugar bastante agradável - para um jantar, ou apenas curtir um pouco o clima da região, antes de chegar em Belo Horizonte e dali zarpar para o seu destino.


Bom, fim da Aventura, mas não do Sonho! Espero que tenha gostado do relato. Porque o seu Lar não é entre quatro paredes!




Se você ainda tem dúvidas sobre Lapinha x Tabuleiro, veja os depoimentos abaixo:


Veja o registro fotográfico de nossa última travessia: photos.app.goo.gl/MRxNmXTtNjqsRXhU8


Se este relato te deixou interessado, veja em nossa Agenda se há alguma próxima data de saída para Lapinha x Tabuleiro!

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